Então, era só psicológico!

Vivemos, ainda hoje, os nossos problemas emocionais com certo preconceito. Isso fica claro quando pensamos na frase "então, era só psicológico", como se a constatação de que se um problema tem origem emocional, é por isso menos importante, ou constitui um exemplo de fraqueza de caráter, ou entra na categoria do mero fingimento.

Mas, de quem é esse preconceito?

Na nossa sociedade, vivemos a ilusão do controle, como se fosse possível -ou até recomendável-, termos controle o tempo todo das nossas emoções. Assim, o preconceito é mantido um pouco por cada um de nós, toda vez que nos entregamos à pressão diária de manter em toda e qualquer circunstancia um impecável controle emocional ou, ainda, de sermos sempre "normais". Tememos muito sair da norma, pois queremos sentir-nos aceitos; porém, acabamos esquecendo que somos seres humanos e que faz parte da nossa experiencia passar por momentos de crise, dúvida, de tristeza profunda, ter medos e angústias, e até sentir-se inadequado ou "anormal" algumas vezes. E quanto maior a dificuldade ou sensação de falta de controle, maior se torna o sentimento de "anormalidade" e maior a necessidade de ocultar o problema, temendo a incompreensão ou rejeição das pessoas.

Consultar com um profissional psicólogo pode parecer, nesse contexto, ainda pior, dada a crença de que "o psicólogo é para loucos". Tal preconceito não atua contra esses profissionais, mas sim contra nossa própria dor psíquica e sofrimento emocional, contra nossas feridas mais profundas e dolorosas, ainda abertas, que se perpetuam e se aprofundam, por não serem tratadas.

Saúde emocional é coisa séria. Acredito que estamos num caminho de abertura, conseguindo aos poucos, entender os nossos problemas psicológicos sob o foco da saúde. Enfrentar os nossos medos e angustias, os nossos fantasmas interiores, é assustador e difícil, porém é um caminho que enriquece a nossa experiencia e nos leva ao crescimento.

Não é apenas o caminho da cura. É também o caminho da transformação.

Lic. Noelia Dalbert